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sábado, 23 de novembro de 2013

Às vezes me pergunto o porquê



Às vezes me pergunto o porquê. Você, eu, você... Eu. Sou tão complicada, você tão certo. Talvez como todos os amores que tive antes, meu oposto foi atraente. Mas você não é tão oposto assim... Você é inalcançável. Eu poderia fazer uma lista de possíveis companhias pras minhas sextas e de confidentes para os meus segredos, e eu não escolheria você. Não porque você não se enquadre, mas porque... Você é inalcançável. Você mora a cinco quadras daqui de casa e mesmo achando perto eu acho longe demais pro meu coração. Eu não sei distinguir quando você me abraça por carinho ou por carisma. Queria saber quando você me olha se admira, repara ou se apenas me vê como eu sou.

Eu não sei se eu sou o que você repararia. Talvez eu precise de uma personalidade mais forte ou de um sorriso mais aparente. Talvez eu precise ser tão carismática quanto você ou tão popular quanto. Eu tenho uma enorme vontade de ser eu mesma e você reparar... Você parar por um segundo e me ver além. Ouvir minha voz no meio do salão, dobrar os joelhos e, quem sabe, pedir ao Criador pra criar uma história pra nós dois. Não tô pedindo uma história perfeita... Só estou pedindo pra ser algo que faça valer a pena a confusão que eu passei, que faça valer a pena as lágrimas que chorei. Deixei um espaço aqui vago pra quem quiser ocupar, mas algo em mim insiste em gritar, dia-após-dia, que esse lugar pode ser todinho seu.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Vê se aprende isso aí — também.



Uma hora você vai precisar deixar coisas e pessoas que ama. Vai precisar escolher entre o sentimento de esperança e o de realidade. Vai ter que se desgarrar daquilo que te faz sorrir — mas te rouba o chão — pra abraçar outros horizontes que possam te garantir novos — e melhores — momentos. Eu sei, é difícil. Ninguém gosta de deixar algo bom para trás, mas é preciso arriscamo-nos no meio da escuridão, se quisermos encontrar um interruptor que nos garanta luz. Uma nova visão. Novos ambientes, novas sensações. Novas pessoas também.
As lágrimas... Elas são essenciais e não deve-se pensar que são sinônimo de fraqueza, mas de escape. A tristeza só sai assim mesmo. Não há outra forma. E se você busca a felicidade, deve antes de tudo se livrar daquilo que causa aversão a ela.
Aprendi muito nesse meio-tempo. Nada volta. Tudo se renova. Não cabe somente a mim tentar reatar laços ou reviver passados. Eu faço o que posso. O resto entrego em forma de preces e dobro os joelhos em sinal de espera. O sentimento ainda está aqui, guardadinho, intacto bem no fundo da gaveta. Contudo, aos poucos vou esquecendo que ele está ali, e é nesse momento que ele se torna uma lembrança.

Cansei de escrever promessas incertas sobre certezas incertas. Certezas são passageiras até o momento em que a decepção toma o seu lugar. Não prometo mais nada, não escrevo mais sobre amor, futuros prometidos ou algo do tipo. Aprendi que essas também são coisas que passam muito, e quando nada me resta além dos textos, eu odeio ter prometido e não podido cumprir. Como eu disse, promessas são incertas, e certezas são sempre passageiras.

Mas como eu disse, dobro os joelhos e espero. Vou me decepcionando, me ferindo, até que não sobre nada além de uma lembrança velha esquecida no fundo de uma gaveta qualquer. E ressalto: essa gaveta não é um coração.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

(Dia dos namorados!) Sinto a brisa..

 


   Uma nova mensagem.
   O tarde estava linda, já chegando à sua fase final: o céu alaranjado em seu topo, recebendo alguns tons roxos que indicavam que a noite estava, aos poucos, entrosando na vivacidade do dia e tomando seu lugar. Era perfeito. O modo como o azul do céu passava por tantas cores para finalmente escurecer. Seria tão fácil... Mas não. Talvez a Lua ou as estrelas quisessem uma pré-estréia triunfal para finalmente serem as protagonistas da noite. Mas para mim, os diversos tons que antecediam a escuridão não eram coadjuvantes. Eram perfeitos. Como se cada cor fosse alma-gêmea da outra, mesmo sendo diferentes, tinham coisas em comum... A sintonia.

   A sintonia...

   Eu tinha a minha sintonia. E estava indo encontrá-la agora mesmo. Linda... Em tudo. Até mesmo nas lembranças ela não perde seu encanto, até mesmo no inalcançável é possível sentir o impacto de tudo o que há de maravilhoso em cada traço de seu rosto, em cada curva de seu corpo. Até mesmo no intocável é possível arrepiar-se com o sentimento de amá-la como eu a amo.

   Seria possível? Seria possível simplesmente sentir a brisa do amor de alguém? Era possível. Todas as vezes que minha mente era povoada pelo seu sorriso, pelas nossas muitas noites de amor, pelo entrelaçar de nossos dedos, pelo toque de suas mãos outrora em meus cabelos... Eu sentia. Sentia cada canto do meu corpo arrepiar-se, desejando estar perto dela cada vez mais.

   Subi a montanha com um buquê de flores nas mãos. Nunca fomos de praças ou cinemas, e ultimamente tivemos que nos adaptar à alguns lugares mais reservados. Passamos a gostar destes acompanhado pelo silêncio que é a forma mais bela que encontramos de nos amarmos sempre. O silêncio às vezes é a melhor forma de se expressar sentimentos. Mas conversamos também. Não somos tão monótonos como parecemos. Nosso amor é baseado muito mais do que em ações, mas em sentidos. Estava um tanto nervoso, ansioso pelo nosso reencontro. Meu amor. Minha sina. Minha menina. Estamos tão próximos que sinto que vou vomitar de tanta ansiedade ou ter um infarto com as batidas frenéticas do meu coração...

   E neste dia, em que todos aqueles que têm seus corações tomados pela presença de alguém. Dia de todos aqueles cujos dedos anelares carregam consigo alianças pratas ou douradas, cujas palavras escapam para expressar muitas vezes a intensidade daquilo que sentem, cuja presença de alguém é crucial para que sua vida possa tornar-se melhor...

   Sinto a brisa...
   Enquanto adentro o velho cemitério das colinas e vejo o meu amor.
   Quieta. Calma. Mais presente dentro de mim, do que nunca antes estivera.

(...)

terça-feira, 11 de junho de 2013

Súplica.

   Nunca fui a pessoa mais requisitada deste mundo. Mas também nunca fui mal-desejada. Eu atraía alguns olhares e povoava alguns sonhos. Muitas vezes enquanto eu andava pelos corredores, ouvia os comentários e percebia os olhares em minha direção. Tive muitas oportunidades de estar com diversas pessoas, mas nenhuma dela realmente me interessou... Além de você.
   Foi difícil para alguém tão "independente" como eu, passar a depender tanto de você. Depender do seu amor, do seu carinho, das suas mensagens de boa noite e suas ligações no fim de semana. Eu me recusava a admitir, mas de fato estava apaixonada. Não que o amor fosse a pior coisa do mundo, mas para mim... Era desnecessário no momento. Só de pensar em quantas lágrimas eu já havia derramado antes por quem não as merecia já me desmotivava. O problema é que nenhum ponto negativo impediu o sentimento de florescer. E em poucas semanas já rodeávamos a cidade com os dedos entrelaçados, trocando frenéticos olhares apaixonados.
   
    Querido, não me importo com o que passou. Só quero que entenda o quanto você é especial por estar comigo. E o quanto me sinto lisonjeada por estar com você. Não desejo que me coloque nos mais altos patamares da minha vida, apenas peço que não me exclua de suas preferências. Que não esqueça que antes de qualquer atitude que tomo, paro para pensar no quanto isso nos afetaria. Que sofro por você e pela suas constâncias inconstantes de indiferença. E que escondo... De todos.
    Sei que as coisas andam difíceis, e entendo. Mas quero ajudar. Quero retomar o meu posto de ser seu porto-seguro, o seu descanso. Quero voltar a acariciar seus cabelos enquanto você dorme. Quero voltar a ver suas ligações perdidas no meu celular... E te quero de volta. Te quero me mimando, dormindo comigo, me pedindo pra ficar...

Então, por favor...

Não me deixe ir embora.


sexta-feira, 26 de abril de 2013

Conto




  Ele era um príncipe. Só faltava-lhe o cavalo, pois sobre sua gentileza, era incomparável. Tinha um lindo sorriso, um olhar penetrante e atitudes surpreendentes. Não lembro ao certo como nos conhecemos, tenho apenas vagas lembranças de breves palavras, seguidas por uma frenética troca de olhares. Mas eu gostei de tudo entre nós. Gostei dos beijos às escondidas, do romance proibido e da inveja de terceiros. Creio que se não houvesse nada disso, talvez não teríamos durado tanto.
   Me entreguei a você. Contei meus segredos, sonhos e confessei minhas intimidades. Para quê? Você guardou tudo para si, mas não teve o zelo de fazer com que isso durasse. Nem ao menos se importou. As coisas foram fluindo, ora bem, ora mal. Não entendi. Chegou uma hora em que eu tinha receio de me entregar, tinha medo de me arrepender. Houveram tardes em que cogitei me fechar novamente, guardar as novas confissões apenas para mim e não revelá-las nunca mais a ninguém. Mas não seria justo comigo. É difícil para um ser-humano não compartilhar nada com nenhum outro. E isso me entristecia porque pela primeira vez senti que meu porto-seguro talvez não estivesse mais tão seguro assim. Pela primeira vez tive medo de te perder e me perder, tudo junto e ao mesmo tempo.
   Foi então que percebi que já não se tratava mais de eu ou você. Éramos nós. De alguma forma eu tinha uma certeza bem, bem profunda de que você também temia se perder em mim. Entende? Você tinha medo porque duvidava se talvez mais alguém no mundo pudesse te entender como eu. Pudesse confiar em você como eu. Pudesse se abrigar em você, como uma criança se abriga sob'a fantasia de um conto de fadas.

    Então seremos um conto. Serei a princesa e você o príncipe. Ou eu a Lua, e você o Sol. Conectados intrinsecamente pela história no qual o amor nasce sem explicação, se prolonga mesmo diante dos obstáculos e acaba com um final feliz. Ou melhor, simplesmente acaba feliz, sem finais, sem culpas, sem bem-me-queres ou mal-me-queres.



   E você, você é meu príncipe. Ainda que muitas vezes cansado ou até sentindo-se derrotado. Creio que um bom conto não se sustenta apenas de situações felizes. Saiba que te amo, e é por amar-te que prometo estar ao seu lado quando a torre for muito alta, a maldição não se quebrar, o beijo não despertar ou o sapatinho-de-cristal não for encontrado.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Eita!

   Hoje acordei inspirada e com vontade de fotografar um look meu pra vocês. Não sou ligada em moda como muitas blogueiras por aí, mas fica a dica pra quem gostar e quiser se inspirar. :D

Este cardigan comprei por preço de banana, na Lamis esta semana (já comentei da loja neste post).
A saia na verdade é um vestido. Eu sobrepus uma regata pra "parecer" uma sainha florida, hihihi :3
O coturno foi um presente do meu pai, e a gargantilha com crucifixo (amo crucifixos como jóias!) ganhei do meu namorado ♥_♥


Saia/Vestido: Besni | Coturno: Riachuello | Cardigan: Lamis | Regata: C&A

A qualidade ficou ruim nessas fotos :(

    E aí, gostaram? Comentem o post, e não esqueçam de deixar o contato de vocês (blog, site, facebook...) ♥_♥

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Antes que...


   Você me disse todas aquelas coisas, todas aquelas as quais eu nunca desejei ou imaginei ouvir saírem da sua boca. Meses jogados no lixo, dias inteiros e trilhas sonoras completas manchadas pela nódoa da decepção.
    As pessoas costumam dizer que relacionamentos são assim mesmo: cheios de idas e vindas. Mas comigo não é assim, sei que não iremos voltar. Não por nós mesmos, mas porque um relacionamento quebrado será sempre assim... Quebrado e cheio de trincados que nunca poderão ser restaurados novamente. Não dá pra reciclar o coração, não dá pra simplesmente juntar aquilo que é semelhante, adicionar algumas coisas e tentar de novo. As suas palavras nunca serão esquecidas por mim, ainda que eu tenha ouvido uma porção de "Eu te amo's" durante todo esse tempo. As suas atitudes nunca serão apagadas pelas suas desculpas. Não é nem por mim, porque você sabe que a partir do momento em que eu disse meu "sim" para você, queria com toda certeza estar ao seu lado, sem que quaisquer coisas atrapalhassem. O problema é que nem sempre ambos os dois se comprometem de corpo e alma, até que chega uma hora em que não dá mais pra remarcar encontros, esconder decepções, adiar conversas ou ignorar atitudes. Talvez você pense que o problema fui eu, talvez tenha até sido. Mas creia que quando uma pessoa se machuca, ela nunca se fere sozinha.
   Mas eu sei que, na cabeceira da sua cama, você vai pensar em mim. Vai cogitar me ligar ou mandar um sms, vai tentar levantar hipóteses de como estou e se tenho seguido bem sem você. Eu sei que, mesmo que uma outra pessoa um dia tome o lugar que já foi meu — o que é inevitável — você vai perceber que ela age diferente: não pensa como eu, não enfrenta o mundo por você como eu. E isso é bom. Mostra que você achou alguém melhor, que talvez te ame mais e faça mais por você. Ou... Que te ensine a valorizar o que você já teve.
   Portanto, valorize enquanto você ainda tem, antes que seja tarde demais. Antes que o vidro se quebre, antes que as palavras doam e as lágrimas comecem a serem escondidas. Antes que as conversas sejem adiadas. Antes que textos como esse sejam escritos...

quinta-feira, 4 de abril de 2013


Amar diferente. Amor adolescente. Amar você.



  Esse amor me pegou de surpresa e me cativou em segundos. Não por ser algo 'adolescente', cheio de clichês, trilhas sonoras ou declarações explícitas de amor. Não só por isso. Mas pela aventura de estar com alguém inúmeras vezes, em diversos lugares, sentindo um milhão de coisas. Você me trouxe uma sensação aventureira de adentrar no amor, sem medo de me perder nele. Acredite, já me perdi muitas vezes com pessoas de muito mais experiência. Mas com você é diferente. Com você eu tomo café em casa, na padoca ou nem tomo café. Com você eu vou pra praia na segunda, e ao cinema de madrugada. Com você eu faço trilha na mata... Faço trilha na cama. Com você é tudo diferente e inesquecível, é como se cada dia mais uma história fosse agregada às milhares de lembranças que tenho. Olha, nunca agradeci tanto aos céus por ter te conhecido, menino. Isso soa adolescente, mas é verdadeiro. O bom de amar imaturamente sendo madura, é que sempre se ama de verdade. Sem clichês ou "Eu te amo" descartáveis. A gente dá mais valor ao amor, porque sabe como é ruim amar de maneira errada... Amar a pessoa errada. Não digo que você é a pessoa certa, mas afirmo com todas as certezas do mundo que é em você que eu penso um bocado de vezes ao dia. Sei como é sofrer por quem não merece, talvez você não saiba, mas seria injusto que eu repetisse com você a cafajestagem que fizeram comigo. Amar não é assim, igual. Todo amor é diferente: ontem eu amei de maneira adulta, hoje amo de maneira adolescente. Mas tudo é amor. No final da noite, durante ou filme ou antes de dormir é sempre amor. Amor que sustenta, inspira e faz a gente escrever trocentas palavras tentando explicar o que se passa dentro dessa alma confusa que cada um de nós carrega dentro de si.

segunda-feira, 11 de março de 2013

E eu estou convosco todos os dias, até o fim do mundo!



   Mt 28,17: "Quando viram Jesus, eles o adoraram. Entretanto, alguns duvidaram."


   Annie havia tido uma semana conturbada: seus pais brigaram praticamente todos os dias; na sala nova, ela não havia se enturmado com seus colegas e sua fonoaudióloga disse que às esperanças de que sua voz fosse recuperada, estavam perdidas. Como ela poderia seguir? Mal sabia falar em libras, mal fazia ideia de como se comunicar com o mundo. O que era o mundo para ela, quando este nunca mais ouviria sua voz? Como seria gostar de uma música e não pode cantá-la? Ou então como seria dizer "eu te amo" para alguém? Depois daquele dia, ela nunca mais se imaginou feliz novamente. Tentou, tentou, passou horas inteiras imaginando como seguir a vida, mas sempre obtinha más expectativas, más respostas, más opções. Como ensinar, no futuro, seus filhos a dizerem as primeiras palavras? Como poderia discursar na formatura de sua faculdade? Lágrimas e mais lágrimas caiam de seu rosto. Assim que ouviu o veredito de sua deficiência, prometeu a si mesma que tentaria seguir em frente, da maneira mais normal possível, porém, nem sempre promessas são fáceis de serem cumpridas. Então Annie chorava, se lamentava e perguntava à Deus todo o momento a explicação desta reviravolta em sua vida. Pedia, rezava, ajoelhava-se, gesticulava com os lábios uma oração, ao menos esta, por mais que silenciosa, podia ser ouvida por Alguém. Contudo, embora Annie acreditasse e tentasse perseverar em oração, seus joelhos ardiam e ela desanimava novamente, afundando em lágrimas e questionamentos.


Mt 28,18-19: "Jesus aproximou-se deles e disse: De Deus recebi todo o poder, no céu e na Terra. Portanto, ide e ensinai a todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo"


   Nos dias que se seguiram, Annie continuou enfrentando dificuldades que pareciam nunca terminarem. Não conseguia aprender na escola, não conversava com ninguém da turma e seus colegas antigos haviam se afastado dela, por não saberem como lidar com a situação. O mundo parecia desabar aos poucos e cada vez mais para ela. Foi então que, Lia, a Senhora da Cia de Limpeza, pegou-na chorando no banheiro feminino, durante o horário de aula.
— Menina, você está bem? — Disse ela, num tom preocupado. 
Annie gesticulou que sim. Enxugando às lágrimas com as mãos às pressas, numa tentativa frustada de parecer realmente bem.
— Não fique assim, meu bem. Quer saber de uma coisa?
Annie de cabeça baixa, ainda tentando enxugar as lágrimas, voltou-se para a senhora, fixando seus olhos nela, como uma cessão para que ela dissesse.
— Meu marido tem Alzheimer, sabe o que é isso? É uma doença em que as pessoas esquecem rapidamente e confundem as coisas. Hoje eu sou Lia, sua esposa, porém amanhã uma desconhecida e n'outro dia uma ameaça. Ele já teve diversas crises, foi até internado uma vez, mas não consegui vê-lo longe de casa. Sempre soube que seu lugar era lá, com nossos dois filhos. E o fato de nós sabermos isso, bastava. Sempre o ajudamos a relembrar quem é e a organizar seus pensamentos por meio de fotos, cartas e vídeos. Nunca entendi e sempre me questionei, pois cinco anos depois nos casarmos, ele apresentou os primeiros sintomas. Toda vez em que completávamos mais um ano de casados e ele esquecia, ou quando não lembrava do rosto de seus filhos ou o meu, eu chorava muito. Era difícil, sabia?  Sempre batalhei para sustentar a casa, já que ele nunca pôde trabalhar. Meus filhos, enquanto pequenos, não compreendiam o comportamento do pai,  ainda bem que agora crescidos e com suas respectivas vidas, me ajudam muito. Reclamei, reclamei e me questionei, até o dia em que Deus me deu uma prova viva de Seu amor por mim e pela minha família: Semana passada, completaríamos trinta e três anos de casados, eu estava na cozinha preparando o almoço, quando fui surpreendida por ele na porta da cozinha, com um buquê de rosas nas mãos. Então ele me abraçou e beijou-me a bochecha, dizendo: "Feliz trinta e três anos para nós, Lialinda!".
    Annie se arrepiou, arregalando os olhos, surpresa.
— Tem noção de como foi? Ele nunca lembrou, mocinha. Mas justamente semana passada, após trinta e três anos completos, ele lembrou. Trinta e três é a idade que Jesus morreu na cruz por nós, não pude encarar como outra coisa, senão como um presente de Deus pra mim e minha família. Todos os dias, quando ele acorda e não me reconhece, lembro deste sinal que Deus me deu, significando que nem o Joel, tampouco Ele se esquecem de mim, nem por um segundo sequer.
   As lágrimas caiam dos olhos de ambas. Annie abraçou a senhora e, tirando o celular do bolso, escreveu no bloco de notas "Obrigado :')" e mostrou à senhora. Ela apenas gesticulou positivamente com a cabeça. Annie saiu dali certa de uma coisa: O amor de Deus por ela, era a força suficiente que precisava para seguir em frente e vencer os obstáculos!

(...)

   Nos três meses que se seguiram, Annie aprendeu algumas palavras e expressões em libras e repassava-as para os colegas na sala também, sem se importar com a aceitação deles. Quando não sabia o que falar, escrevia a mensagem no bloco de notas do celular e mostrava a eles. Logo muitos acharam incrível o fato de comunicarem-se em libras, e a ideia se espalhou de tal forma, que a escola abriu uma oficina de libras para alunos que quisessem aprender! Foi uma ótima ideia porque Annie podia aprender com eles!
   As brigas frequentes em sua casa diminuíram. Finalmente seu pai parou de beber e sua mãe de tomar calmantes. As coisas estavam melhorando e Annie agradecia todas as noites pelas forças que recebia, pedindo sempre discernimento para saber usá-las.
   Foi então que, numa celebração eucarística, Annie retirou-se da assembleia após comungar, e foi rezar no Sacrário, onde o Santíssimo estava exposto. Ficou ali por alguns minutos, agradecendo à Deus por sua vida e vitórias mesmo diante das dificuldades. Enquanto ouvia a música que acompanhava o Rito de Comunhão, seu coração acalmava-se, juntamente com a batida da música. E em meio à seus agradecimentos e preces sempre sussurrados, — sabia que Deus a ouvia no seu "silêncio dito" — ao finalizá-los, disse um "Obrigado, Amigo Jesus". Espantou-se, pois ouviu de fato som um tanto rouco saindo de seus lábios! Tentou repetir, e novamente a voz foi ouvida! Lágrimas caiam de seus olhos, e então, num ato de emoção, Annie levantou-se e abraçou o hostensório, como se este fosse Jesus. Sentia uma leveza incrível Nele, como se estivesse de fato abraçando um corpo. Ela repetia "Obrigado Amigo Jesus, Obrigado Amigo Jesus!" foi então que seus pais a ouviram, pois estavam próximos a porta do sacrário, e abraçaram-na, louvando e agradecendo a Deus pelo milagre que haviam acabado de presenciar: a cura de Deus no coração, no físico e na vida de uma pessoa.

(...)

   Annie contou para o mundo seu testemunho. Sua voz nunca voltou completamente, mas ainda assim ela continuou louvando à Deus pela sua cura. Não desistiu da oficina, e espalhou o amor de Deus, contando àqueles que não podiam ouvi-lo ou entendê-lo de fato, por meio de dois idiomas: o de libras, e o da a fé.



Mt 28, 20: "(...) E ensinando-as a observar tudo o que vos ordenei. E eu estou convosco todos os dias, até o fim do mundo!"

  

 E você? Ainda duvida do amor de Deus por você? Ele está contigo, pelo resto da sua vida! ♥_♥











sábado, 9 de março de 2013

Esse é pra te motivar a sonhar..



   "A lógica do coração é como uma equação esquecida que você encontra na lousa da escola. Só conhecendo pra entender."
   Por quê você sofre tanto? Me diz? O que tanto te fizeram? Não importa, menina. Olhe para si, veja o quanto você pode ser mais: mais confiante, mais bonita, mais alegre... Mais feliz! Seu cabelo afro é lindo, seu olho oriental é diferente, seu sorriso irradia dias inteiros! Não vale a pena sofrer, tampouco desistir de si!
   Uma vez alguém me disse que mudaria seu jeito para conseguir ser feliz... Acredite, não funciona! Se você sabe qual é a sua felicidade, corre atrás dela. Pode ser difícil, o mundo pode ir contra você, vá atrás! Você não será feliz de outro jeito, com outro alguém, em outro lugar! Às pessoas precisam enxergar por trás desse seu sorriso, dessa aparência! Qual o problema em ser homossexual? Em gostar de dançar? Em querer cursar música, ao invés de engenharia? Qual o problema de querer algo que ninguém mais quer? Esse algo prejudica alguém? Não? Então vá atrás!
    A vida está aí, te esperando. Ela tem diversos caminhos, que te proporcionarão centenas de escolhas. Saiba escolher aquilo que te faz bem, sem prejudicar ninguém. Saiba colher um botão de rosa, pra não estragar a roseira inteira. Você é cheio de habilidades e pontos positivos. Quer ser feliz? Você pode. Pode hoje! Não deixe que as críticas estraguem os seus sonhos.









sexta-feira, 8 de março de 2013

Meio-dia (Parte II)


(...)

    Enquanto pensava alto, senti um peso contra as minhas costas, alguém se escorando em mim. Dei uma olhada de canto, por um segundo pensei que fosse uma criança e praguejei a suposição, mas o corpo era muito mais pesado, e foi me virando de fato que percebi que era um homem... Apoiando-se em mim!
— Ahhh, você não acha horríveis essas manchetes de jornais? O fato como os jornalistas usam opiniões implícitas pra manipular os leitores?
   Céus! Os adivinhadores de mentes que assisti no programa "O Impossível" na semana passada realmente existem!
— Moça?
   Permaneci em silêncio. A "estranhice" da situação me assustou.
— Desculpe a intromissão, eu realmente não queria ter sido tão grosso. — Ainda de costas pra mim — Meu nome é Rud, Rudvelt na verdade — Ele hesitou — Mas eu odeio esse nome então me chame de Rud mesmo. Qual é o seu nome?
   Bom, eu não podia de forma alguma ser grossa, por mais estranho que ele fosse, seu tom era simpático.
— É... É... Ra... Raíssa. — Droga! Por quê gaguejei? Agora o cara vai achar que estou extremamente constrangida ou envergonhada porque o acho muito lindo e fiquei sem jeito quando foi falar comigo.
— Você parece constrangida... Bem, desculpe. Não tive uma manhã muito boa, precisava conversar com alguém que não fosse minha esposa, nem minha assistente, nem meus sócios nem ninguém relacionado a minha rotina.
   Ele ia se levantando quando falei.
— Ah... — Sorri singelamente — Também não tive uma manhã muito agradável. Vim aqui pra relaxar e aproveitar minha uma hora de almoço... Sei lá... Lendo jornal ou qualquer coisa não-relacionada à minha vida.
   Nós rimos.
   O cara deve ser minha alma-gêmea... Não, não. Alma-gêmea não porque ele é casado. Seria um gêmeo oposto... Ou mais um infeliz não-satisfeito com a vida. É... Mais provável.
— Bem, Raíssa... Você vem sempre aqui?
Eu o olhei com estranhamento. Tá me cantando, é? Seu sem vergonh...
— Com todo respeito — Ele continuou, defensivo.
— De vez em quando. Vim hoje porque não suportaria a presença de mais de três pessoas no mesmo espaço que eu... Se é que me entende. — Sorri — E você?
— É a primeira vez. Geralmente nunca tenho muito tempo pra descansar durante o expediente. No horário de almoço estou em algum restaurante por aí ou resolvendo uns problemas em casa. Família, sabe?
— Ah, sei como é... — Não, na verdade não sei. Sou uma solitária em Nova York tentando ajeitar a vida.
— Você tem filhos?
— Tenho um cachorro e ele já me dá muito trabalho — Risos novamente — Filhos não... Não levo jeito pra essas coisas...
   Ele riu novamente, olhou o relógio de pulso e praguejou:
— Droga! — Apontou o relógio — Preciso voltar ao escritório. Foi um prazer, Raíssa! Nos vemos!

   Voltei à minha leitura, a situação que acabara de acontecer comigo fora estranha, mas nada que já não tivesse acontecido antes... Quero dizer, coisas estranhas acontecem comigo o tempo todo.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Meio-dia. (Parte I)





   Meio-dia. Era meu horário de almoço, mas eu estava sem um pingo de fome. Havia tomado muito café para exterminar o sono, e de bônus, acabei exterminando a fome também... Não sei como. O dia estava estressante, o Sr. Watts não parava de me cobrar relatórios e de exigir documentos que ele havia perdido. Para completar a nova auxiliar de serviços gerais, Dona Clau, não parava um segundo de cantar as baladas dos anos 80 que não soavam nem um pouco agradáveis naquele ambiente estressante de trabalho. Sem contar ainda que, na noite anterior, não pude dormir nem sequer uma hora devido ao barulho do vizinho bêbado brigando com a esposa do apartamento da frente. Um caos total. Minha mente estava completamente sufocada e era como se eu estivesse sendo torturada brutalmente. Sim, brutalmente. As coisas mais brutais são aquelas que não te tocam, essas sim machucam.
    Metáforas à parte, e voltando para meu almoço - trégua ao caos - eu pude relaxar um pouco. Fazia um pouco de frio e a praça Roosevelt estava um um tanto vazia - um presentinho da vida em troca da manhã estressante - sem crianças correndo e sem pombas enchendo meu saco. Apenas eu, meia duzia de pessoas transitando pra lá e pra cá e claro, a brisa me fazendo companhia. Caminhei até umas pedras em que as pessoas costumam sentar e abri o The New York Record, eu adorava ler os jornais e criticar as manchetes.  Acho que alguns jornais deixaram de ser imparciais e de apenas transmitir informação, e passaram a ter opiniões implícitas dos jornalistas na manchete - um erro gravíssimo - que as pessoas liam, e devido ao dom excelentíssimo de argumentação expresso ali, acabavam concordando com o que haviam lido, num ato "inocente" de que a notícia era cem porcento imparcial e cem porcento informativa. Blá, blá, blá: "Ele matou brutalmente; num ato de extremo impulso; sem medir consequências (...)" sem contar nos aumentativos ridículos para enfatizar ações políticas, como se elas fossem magníficas e como se os representantes não tivessem a obrigação de promovê-las. Enfim...
    Enquanto pensava alto, senti um peso contra as minhas costas, alguém se escorando em mim. Dei uma olhada de canto, por um segundo pensei que fosse uma criança e praguejei a suposição, mas o corpo era muito mais pesado, e foi me virando de fato que percebi que era um homem... Apoiando-se em mim!
— Ahhh, você não acha horríveis essas manchetes de jornais? O fato como os jornalistas usam opiniões implícitas pra manipular os leitores?

(...)

Continua.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Você PRECISA conhecer a Lamis!

    Moda, moda, moda... Esta aí um assunto que está presente diariamente e a todo instante na vida de uma mulher. Outras mais, outras menos, a mulher hoje tem grande preocupação com o que veste, e se o que veste é agradável tanto a ela, quanto aos olhares que recebe.
   E um dia, por acaso, enquanto andava pela Marechal Deodoro (centro comercial daqui de São Bernardo do Campo) que encontrei a Lamis, uma fast-fashion, eu poderia dizer. 
   "É claro, Camilla, todas as lojas possuem roupas bonitas e que são tendência...", porém a Lamis não só apresenta roupas que estão em alta na moda, mas também oferece um preço super - mas super meeeesmo - acessível. Já cheguei a levar 100 reais pra loja (Ah, o chato é que eles só aceitam pagamento em dinheiro, tá? :/) e levar cinco peças. Isso mesmo! E não peças simples, mas sim saias, vestidos, camisas, shorts... Acreditem!
    Ah! Não mostrei a loja antes pois achava que ela só existia aqui em São Bernardo, mas descobri -  besbilhiotando o site da loja - que ela possui outras franquias como em Santo André, Santo Amaro e em outras cidades também, só conferir lá no site.
    E, claro, eu não podia deixar de postar minha wishlist da coleção mais recente da loja...


É isso aí. Não percam tempo! Visitem uma loja, não vão se arrepender ;D Bjos!

sábado, 12 de janeiro de 2013

Tanlup: Um shopping virtual.

    Com o avanço tecnológico muitas coisas melhoraram: a comunicação, os negócios e claro, as compras. A internet nos proporciona coisas incríveis, e atualmente, vem tornando-se uma das formas mais confortáveis e rápidas de compra que existe.
    Navegando pela internet - como sempre - achei um shopping virtual. Isso mesmo! Um site que disponibiliza uma rede de lojas que vendem diversas coisas, desde moda até miscelânias. A Tanlup! Então resolvi fazer uma pequena wishlist das coisas que quero - e espero - comprar. Rs!


   Mas não basta só desejar enlouquecidamente todas essas coisas. Primeiro, precisamos averiguar se a loja é de confiança, já que a Tanlup é como se fosse apenas uma plataforma para hospedagem das lojas, não se responsabilizando pela chegada ou não do produto. Portanto antes de realizar todos os seus sonhos de consumo, tome cuidado pra não acabar perdendo dinheiro! :D
   E você? Já conhece a Tanlup? Já comprou em alguma loja? Conta aí ou manda sua wishlist *-*

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

7 músicas que você não vai esquecer (ou vai relembrar)!


1. The Watts 103rd St. Rhythm Band - Express Yourself



2. Etta James/ Harvey Fuqua - If I Can't Have You



3. Kool & The Gang - Hollywood Swinging



4. Tom jones - Kiss




5. Tom Jones - Sex bomb


6. James Brown - Get On Up



7. Lynyrd Skynyrd - Sweet Home Alabama



É do tempo da sua avó, mas aposto que você vai gostar! ;D

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Happiness.




Felicidade foi conhecê-la pela primeira vez.

   Ela pediu para que eu me sentasse na poltrona e perguntou se eu queria tomar alguma coisa. Respondi que não tanto por educação, quanto porque não queria incomodar. Sua contentação por me conhecer era explícita e ela sorria o tempo inteiro. A conversa fluiu naturalmente. Logo contei à ela sobre meus pais, meu trabalho e meus interesses pessoais. Partilhamos algumas experiências vividas e ela mostrou-me algumas fotos das viagens que fez e dos lugares em que morou. Não foram muitos. Dois na verdade. Mostrou-me também fotos de sua adolescência, "Eu era como vocês..." dizia. E logo percebi que os traços da idade não haviam tomado seu rosto por completo. Ela ainda parecia jovem e era muito bonita: seus cabelos castanho-claros com algumas luzes louras ressaltavam o brilho de seus olhos igualmente castanhos. Vestia uma blusa de lã verde-lodo e calça jeans. Estava simples e bonita e então dei a ideia de que tirasse uma foto e colocasse como plano de fundo de seu celular que havia comprado poucos meses atrás. Depois levantou-se e foi até a cozinha.. "Vou preparar algo pra vocês comerem!" e em pouco tempo a mesa estava repleta de pães, bolos e outras coisas mais.
    Não era a mais simpática, a mais bonita, a mais rica ou a mais popular. Não estava sempre de bom humor e não concordava com tudo. Muitas vezes precisávamos ajudá-la a segurar a barra porque as coisas não estavam fáceis. Porém, de uma coisa estou certa, ela foi a melhor, ainda que com suas imperfeições. Felicidade era tê-la ali... E eu sinto muito a sua falta.

Isso porque eu nunca a conheci.



Para alguém muito especial. :')

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Mar de pipas.



   Subi a Rua das Laranjeiras apressada. O clima no trabalho estava péssimo porque faltavam dois dias apenas para o fechamento da revista. Eu era uma redatora muito preguiçosa e havia deixado para escrever minha coluna no domingo à noite, para aproveitar a praia no resto do fim de semana. Daí que o tema "Molecagens" apresentado na quarta, logo tão cheio de ideias nostálgicas, me era completamente vago e sem inspirações quando me sentei na escrivaninha e abri o editor de texto. Escrevi qualquer porcaria e fui dormir - na hora não parecia porcaria e me soou bastante interessante-. Não sei se você sabe, mas quando se escreve pra uma revista, na qual você é responsável por uma coluna de público geral, não deve escrever algo comum, mas algo que as pessoas leiam e reflitam sobre. Que realmente se sintam parte do texto, e não que as façam virar a página e pular para a seção do horóscopo.

   Meu chefe explodiu quando leu "Que droga é essa, Camilla?!" eu me espantei, porque até então não havia me dado conta do que havia escrito. Ele jogou os papeis sobre a mesa, e tentou não parecer extremamente aborrecido, pediu para que eu lesse tudo na sua frente. Li. E realmente, estava horrível. Não tive nem coragem de pedir à ele mais um dia, pois sabia que era minha obrigação escrever algo que prestasse até amanhã de manhã, algo que ele não demorasse nem trinta minutos para revisar e editar.

   Novamente, mais um dia estressante. No trabalho as coisas estavam corridas e eu não consegui escrever três linhas o dia inteiro. Ajudei uns colegas com algumas ideias e, enquanto eu dava mil e uma dicas para outros assuntos aleatórios, o meu ficava encostado na parede, debaixo de um relógio que parecia cada vez mais me apressar.

   Subi a rua cansada. O Sol estava escaldante, e eu precisava muito de um banho gelado para relaxar. Então reparei em uma porção de meninos com uma latinha vazia de farinha láctea, ou algo parecido, enrolada por um montão de linha, debaixo daquele Sol, pingando de suor, sem camisa e brigando um com o outro por espaço. Os carros que atravessavam a rua buzinavam, e os motoristas praguejavam os meninos por estarem tomando a passagem. Me sentei um instante na calçada, e fiquei a os observar. Corriam pra lá e pra cá, sempre com os olhos fixos no céu. Qual seria o entreternimento de ficar horas olhando um pedaço de papel voando pra lá e pra cá? Também olhei. E lá estavam umas dez, quinze, vinte pipas! E não vinham só da minha rua, mas de outras vizinhas também!

    De repente aquilo não era mais o céu, e os papéis deixaram de ser meros... Papéis. Vi um espaço repleto de pontos coloridos, nos quais todos brincavam um com outro, no qual nadavam e se comunicavam por gestos. Nos quais a infância era simples e divertida, como um soltar de pipas ou um brincar nas águas de um mar. E as cores comungavam com as nuvens, que pareciam ondas levando-as pra lá e pra cá, dando vida aos desenhos que se formavam. Como se fizessem um plano de fundo para o Sol e isso chamasse a atenção dos meninos. Eles corriam pra lá e para cá, em busca de uma posição para que uma pipa ficasse adjacente a outra. Era lindo! E aos poucos, as cores iam esfriando, juntamente com o céu que escurecia com a despedida do Sol. As pipas sumiam e aos poucos os meninos desconectavam-se daquele "sobremundo" e voltavam para suas casas. Quando percebi, já havia se passado uma hora e qualquer tipo de calor ou sensação térmica havia sido desfocada enquanto eu observava o céu. Levantei-me da calçada e entrei para a casa, maravilhada com as coisas que havia descoberto poucos minutos atrás. As coisas simples e magníficas da vida.


O céu azul, um montão de pontos coloridos, as nuvens são ondas e por mais estranho que pareça, vejo um mar de pipas.



"Mar de Pipas" SOUSA, Camilla. Revista 'O assunto', Ed. 156, 15 de Dezembro de 2012.