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segunda-feira, 11 de março de 2013

E eu estou convosco todos os dias, até o fim do mundo!



   Mt 28,17: "Quando viram Jesus, eles o adoraram. Entretanto, alguns duvidaram."


   Annie havia tido uma semana conturbada: seus pais brigaram praticamente todos os dias; na sala nova, ela não havia se enturmado com seus colegas e sua fonoaudióloga disse que às esperanças de que sua voz fosse recuperada, estavam perdidas. Como ela poderia seguir? Mal sabia falar em libras, mal fazia ideia de como se comunicar com o mundo. O que era o mundo para ela, quando este nunca mais ouviria sua voz? Como seria gostar de uma música e não pode cantá-la? Ou então como seria dizer "eu te amo" para alguém? Depois daquele dia, ela nunca mais se imaginou feliz novamente. Tentou, tentou, passou horas inteiras imaginando como seguir a vida, mas sempre obtinha más expectativas, más respostas, más opções. Como ensinar, no futuro, seus filhos a dizerem as primeiras palavras? Como poderia discursar na formatura de sua faculdade? Lágrimas e mais lágrimas caiam de seu rosto. Assim que ouviu o veredito de sua deficiência, prometeu a si mesma que tentaria seguir em frente, da maneira mais normal possível, porém, nem sempre promessas são fáceis de serem cumpridas. Então Annie chorava, se lamentava e perguntava à Deus todo o momento a explicação desta reviravolta em sua vida. Pedia, rezava, ajoelhava-se, gesticulava com os lábios uma oração, ao menos esta, por mais que silenciosa, podia ser ouvida por Alguém. Contudo, embora Annie acreditasse e tentasse perseverar em oração, seus joelhos ardiam e ela desanimava novamente, afundando em lágrimas e questionamentos.


Mt 28,18-19: "Jesus aproximou-se deles e disse: De Deus recebi todo o poder, no céu e na Terra. Portanto, ide e ensinai a todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo"


   Nos dias que se seguiram, Annie continuou enfrentando dificuldades que pareciam nunca terminarem. Não conseguia aprender na escola, não conversava com ninguém da turma e seus colegas antigos haviam se afastado dela, por não saberem como lidar com a situação. O mundo parecia desabar aos poucos e cada vez mais para ela. Foi então que, Lia, a Senhora da Cia de Limpeza, pegou-na chorando no banheiro feminino, durante o horário de aula.
— Menina, você está bem? — Disse ela, num tom preocupado. 
Annie gesticulou que sim. Enxugando às lágrimas com as mãos às pressas, numa tentativa frustada de parecer realmente bem.
— Não fique assim, meu bem. Quer saber de uma coisa?
Annie de cabeça baixa, ainda tentando enxugar as lágrimas, voltou-se para a senhora, fixando seus olhos nela, como uma cessão para que ela dissesse.
— Meu marido tem Alzheimer, sabe o que é isso? É uma doença em que as pessoas esquecem rapidamente e confundem as coisas. Hoje eu sou Lia, sua esposa, porém amanhã uma desconhecida e n'outro dia uma ameaça. Ele já teve diversas crises, foi até internado uma vez, mas não consegui vê-lo longe de casa. Sempre soube que seu lugar era lá, com nossos dois filhos. E o fato de nós sabermos isso, bastava. Sempre o ajudamos a relembrar quem é e a organizar seus pensamentos por meio de fotos, cartas e vídeos. Nunca entendi e sempre me questionei, pois cinco anos depois nos casarmos, ele apresentou os primeiros sintomas. Toda vez em que completávamos mais um ano de casados e ele esquecia, ou quando não lembrava do rosto de seus filhos ou o meu, eu chorava muito. Era difícil, sabia?  Sempre batalhei para sustentar a casa, já que ele nunca pôde trabalhar. Meus filhos, enquanto pequenos, não compreendiam o comportamento do pai,  ainda bem que agora crescidos e com suas respectivas vidas, me ajudam muito. Reclamei, reclamei e me questionei, até o dia em que Deus me deu uma prova viva de Seu amor por mim e pela minha família: Semana passada, completaríamos trinta e três anos de casados, eu estava na cozinha preparando o almoço, quando fui surpreendida por ele na porta da cozinha, com um buquê de rosas nas mãos. Então ele me abraçou e beijou-me a bochecha, dizendo: "Feliz trinta e três anos para nós, Lialinda!".
    Annie se arrepiou, arregalando os olhos, surpresa.
— Tem noção de como foi? Ele nunca lembrou, mocinha. Mas justamente semana passada, após trinta e três anos completos, ele lembrou. Trinta e três é a idade que Jesus morreu na cruz por nós, não pude encarar como outra coisa, senão como um presente de Deus pra mim e minha família. Todos os dias, quando ele acorda e não me reconhece, lembro deste sinal que Deus me deu, significando que nem o Joel, tampouco Ele se esquecem de mim, nem por um segundo sequer.
   As lágrimas caiam dos olhos de ambas. Annie abraçou a senhora e, tirando o celular do bolso, escreveu no bloco de notas "Obrigado :')" e mostrou à senhora. Ela apenas gesticulou positivamente com a cabeça. Annie saiu dali certa de uma coisa: O amor de Deus por ela, era a força suficiente que precisava para seguir em frente e vencer os obstáculos!

(...)

   Nos três meses que se seguiram, Annie aprendeu algumas palavras e expressões em libras e repassava-as para os colegas na sala também, sem se importar com a aceitação deles. Quando não sabia o que falar, escrevia a mensagem no bloco de notas do celular e mostrava a eles. Logo muitos acharam incrível o fato de comunicarem-se em libras, e a ideia se espalhou de tal forma, que a escola abriu uma oficina de libras para alunos que quisessem aprender! Foi uma ótima ideia porque Annie podia aprender com eles!
   As brigas frequentes em sua casa diminuíram. Finalmente seu pai parou de beber e sua mãe de tomar calmantes. As coisas estavam melhorando e Annie agradecia todas as noites pelas forças que recebia, pedindo sempre discernimento para saber usá-las.
   Foi então que, numa celebração eucarística, Annie retirou-se da assembleia após comungar, e foi rezar no Sacrário, onde o Santíssimo estava exposto. Ficou ali por alguns minutos, agradecendo à Deus por sua vida e vitórias mesmo diante das dificuldades. Enquanto ouvia a música que acompanhava o Rito de Comunhão, seu coração acalmava-se, juntamente com a batida da música. E em meio à seus agradecimentos e preces sempre sussurrados, — sabia que Deus a ouvia no seu "silêncio dito" — ao finalizá-los, disse um "Obrigado, Amigo Jesus". Espantou-se, pois ouviu de fato som um tanto rouco saindo de seus lábios! Tentou repetir, e novamente a voz foi ouvida! Lágrimas caiam de seus olhos, e então, num ato de emoção, Annie levantou-se e abraçou o hostensório, como se este fosse Jesus. Sentia uma leveza incrível Nele, como se estivesse de fato abraçando um corpo. Ela repetia "Obrigado Amigo Jesus, Obrigado Amigo Jesus!" foi então que seus pais a ouviram, pois estavam próximos a porta do sacrário, e abraçaram-na, louvando e agradecendo a Deus pelo milagre que haviam acabado de presenciar: a cura de Deus no coração, no físico e na vida de uma pessoa.

(...)

   Annie contou para o mundo seu testemunho. Sua voz nunca voltou completamente, mas ainda assim ela continuou louvando à Deus pela sua cura. Não desistiu da oficina, e espalhou o amor de Deus, contando àqueles que não podiam ouvi-lo ou entendê-lo de fato, por meio de dois idiomas: o de libras, e o da a fé.



Mt 28, 20: "(...) E ensinando-as a observar tudo o que vos ordenei. E eu estou convosco todos os dias, até o fim do mundo!"

  

 E você? Ainda duvida do amor de Deus por você? Ele está contigo, pelo resto da sua vida! ♥_♥











sábado, 9 de março de 2013

Esse é pra te motivar a sonhar..



   "A lógica do coração é como uma equação esquecida que você encontra na lousa da escola. Só conhecendo pra entender."
   Por quê você sofre tanto? Me diz? O que tanto te fizeram? Não importa, menina. Olhe para si, veja o quanto você pode ser mais: mais confiante, mais bonita, mais alegre... Mais feliz! Seu cabelo afro é lindo, seu olho oriental é diferente, seu sorriso irradia dias inteiros! Não vale a pena sofrer, tampouco desistir de si!
   Uma vez alguém me disse que mudaria seu jeito para conseguir ser feliz... Acredite, não funciona! Se você sabe qual é a sua felicidade, corre atrás dela. Pode ser difícil, o mundo pode ir contra você, vá atrás! Você não será feliz de outro jeito, com outro alguém, em outro lugar! Às pessoas precisam enxergar por trás desse seu sorriso, dessa aparência! Qual o problema em ser homossexual? Em gostar de dançar? Em querer cursar música, ao invés de engenharia? Qual o problema de querer algo que ninguém mais quer? Esse algo prejudica alguém? Não? Então vá atrás!
    A vida está aí, te esperando. Ela tem diversos caminhos, que te proporcionarão centenas de escolhas. Saiba escolher aquilo que te faz bem, sem prejudicar ninguém. Saiba colher um botão de rosa, pra não estragar a roseira inteira. Você é cheio de habilidades e pontos positivos. Quer ser feliz? Você pode. Pode hoje! Não deixe que as críticas estraguem os seus sonhos.









sexta-feira, 8 de março de 2013

Meio-dia (Parte II)


(...)

    Enquanto pensava alto, senti um peso contra as minhas costas, alguém se escorando em mim. Dei uma olhada de canto, por um segundo pensei que fosse uma criança e praguejei a suposição, mas o corpo era muito mais pesado, e foi me virando de fato que percebi que era um homem... Apoiando-se em mim!
— Ahhh, você não acha horríveis essas manchetes de jornais? O fato como os jornalistas usam opiniões implícitas pra manipular os leitores?
   Céus! Os adivinhadores de mentes que assisti no programa "O Impossível" na semana passada realmente existem!
— Moça?
   Permaneci em silêncio. A "estranhice" da situação me assustou.
— Desculpe a intromissão, eu realmente não queria ter sido tão grosso. — Ainda de costas pra mim — Meu nome é Rud, Rudvelt na verdade — Ele hesitou — Mas eu odeio esse nome então me chame de Rud mesmo. Qual é o seu nome?
   Bom, eu não podia de forma alguma ser grossa, por mais estranho que ele fosse, seu tom era simpático.
— É... É... Ra... Raíssa. — Droga! Por quê gaguejei? Agora o cara vai achar que estou extremamente constrangida ou envergonhada porque o acho muito lindo e fiquei sem jeito quando foi falar comigo.
— Você parece constrangida... Bem, desculpe. Não tive uma manhã muito boa, precisava conversar com alguém que não fosse minha esposa, nem minha assistente, nem meus sócios nem ninguém relacionado a minha rotina.
   Ele ia se levantando quando falei.
— Ah... — Sorri singelamente — Também não tive uma manhã muito agradável. Vim aqui pra relaxar e aproveitar minha uma hora de almoço... Sei lá... Lendo jornal ou qualquer coisa não-relacionada à minha vida.
   Nós rimos.
   O cara deve ser minha alma-gêmea... Não, não. Alma-gêmea não porque ele é casado. Seria um gêmeo oposto... Ou mais um infeliz não-satisfeito com a vida. É... Mais provável.
— Bem, Raíssa... Você vem sempre aqui?
Eu o olhei com estranhamento. Tá me cantando, é? Seu sem vergonh...
— Com todo respeito — Ele continuou, defensivo.
— De vez em quando. Vim hoje porque não suportaria a presença de mais de três pessoas no mesmo espaço que eu... Se é que me entende. — Sorri — E você?
— É a primeira vez. Geralmente nunca tenho muito tempo pra descansar durante o expediente. No horário de almoço estou em algum restaurante por aí ou resolvendo uns problemas em casa. Família, sabe?
— Ah, sei como é... — Não, na verdade não sei. Sou uma solitária em Nova York tentando ajeitar a vida.
— Você tem filhos?
— Tenho um cachorro e ele já me dá muito trabalho — Risos novamente — Filhos não... Não levo jeito pra essas coisas...
   Ele riu novamente, olhou o relógio de pulso e praguejou:
— Droga! — Apontou o relógio — Preciso voltar ao escritório. Foi um prazer, Raíssa! Nos vemos!

   Voltei à minha leitura, a situação que acabara de acontecer comigo fora estranha, mas nada que já não tivesse acontecido antes... Quero dizer, coisas estranhas acontecem comigo o tempo todo.