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sexta-feira, 8 de março de 2013

Meio-dia (Parte II)


(...)

    Enquanto pensava alto, senti um peso contra as minhas costas, alguém se escorando em mim. Dei uma olhada de canto, por um segundo pensei que fosse uma criança e praguejei a suposição, mas o corpo era muito mais pesado, e foi me virando de fato que percebi que era um homem... Apoiando-se em mim!
— Ahhh, você não acha horríveis essas manchetes de jornais? O fato como os jornalistas usam opiniões implícitas pra manipular os leitores?
   Céus! Os adivinhadores de mentes que assisti no programa "O Impossível" na semana passada realmente existem!
— Moça?
   Permaneci em silêncio. A "estranhice" da situação me assustou.
— Desculpe a intromissão, eu realmente não queria ter sido tão grosso. — Ainda de costas pra mim — Meu nome é Rud, Rudvelt na verdade — Ele hesitou — Mas eu odeio esse nome então me chame de Rud mesmo. Qual é o seu nome?
   Bom, eu não podia de forma alguma ser grossa, por mais estranho que ele fosse, seu tom era simpático.
— É... É... Ra... Raíssa. — Droga! Por quê gaguejei? Agora o cara vai achar que estou extremamente constrangida ou envergonhada porque o acho muito lindo e fiquei sem jeito quando foi falar comigo.
— Você parece constrangida... Bem, desculpe. Não tive uma manhã muito boa, precisava conversar com alguém que não fosse minha esposa, nem minha assistente, nem meus sócios nem ninguém relacionado a minha rotina.
   Ele ia se levantando quando falei.
— Ah... — Sorri singelamente — Também não tive uma manhã muito agradável. Vim aqui pra relaxar e aproveitar minha uma hora de almoço... Sei lá... Lendo jornal ou qualquer coisa não-relacionada à minha vida.
   Nós rimos.
   O cara deve ser minha alma-gêmea... Não, não. Alma-gêmea não porque ele é casado. Seria um gêmeo oposto... Ou mais um infeliz não-satisfeito com a vida. É... Mais provável.
— Bem, Raíssa... Você vem sempre aqui?
Eu o olhei com estranhamento. Tá me cantando, é? Seu sem vergonh...
— Com todo respeito — Ele continuou, defensivo.
— De vez em quando. Vim hoje porque não suportaria a presença de mais de três pessoas no mesmo espaço que eu... Se é que me entende. — Sorri — E você?
— É a primeira vez. Geralmente nunca tenho muito tempo pra descansar durante o expediente. No horário de almoço estou em algum restaurante por aí ou resolvendo uns problemas em casa. Família, sabe?
— Ah, sei como é... — Não, na verdade não sei. Sou uma solitária em Nova York tentando ajeitar a vida.
— Você tem filhos?
— Tenho um cachorro e ele já me dá muito trabalho — Risos novamente — Filhos não... Não levo jeito pra essas coisas...
   Ele riu novamente, olhou o relógio de pulso e praguejou:
— Droga! — Apontou o relógio — Preciso voltar ao escritório. Foi um prazer, Raíssa! Nos vemos!

   Voltei à minha leitura, a situação que acabara de acontecer comigo fora estranha, mas nada que já não tivesse acontecido antes... Quero dizer, coisas estranhas acontecem comigo o tempo todo.

Um comentário:

  1. Estava super ansiosa pela continuação! Claro que foi maravilhoso ! *-*

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