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quinta-feira, 26 de abril de 2012

Chuva de Novembro

  Boa parte da sala conversava, ria e andava de um lado para o outro. Joy usava um par de fones de ouvido conectados à seu celular. Sua playlist era diversificada e vários estilos musicais podiam ser encontrados ali, porém, ao abrir o reprodutor musical, independente de quantas músicas houvessem, ela só pensava em escutar uma.

  Projota - Chuva de Novembro

  Aparentemente, Joy não encontrava nenhum bom motivo para ouvir aquela música. Ou melhor, não encontrava um bom motivo para admitir o real motivo de ouvi-la. De ouvi-la e sentir o que sentia. De ouvi-la e desejar o que desejava.
  Enquanto os primeiros versos eram cantados, ela lembrava-se de quando outrora ouvira essa música pela primeira vez. Do que sentira, e de cada vez que tornou a ouvi-la. Sempre com os mesmos devaneios, focados na mesma pessoa.
  Subitamente, uma vontade incontrolável de ver tal pessoa surgiu em sua mente. Uma foto, um vídeo, nada. Nada que pudesse saciar aquela vontade.
  Joy começou a rabiscar um desenho.

  “Sozinho posso te ver melhor.”

  Mas porquê? Não havia um porquê. E se havia, Joy preferia não admití-lo naquele momento.
  Enquanto a música tocava, Joy colocava mais do que desenhos naquele papel, ela colocava, embora que implicitamente, boa parte de seus sentimentos. Enquanto rabiscava ela lembrava de quando, compartilhando um fone de ouvido, ouvira tal música com tal pessoa. De como os versos, mesmo não encaixando-se no contexto dos dois, pareciam perfeitos para aquele momento. Pareciam perfeitos para os dois.

  “Essa estranha dor é mais do que saudade.”

  Quando o 'desenho' estava quase pronto, Joy deixou escapar um sorriso satisfatório. A silhueta lembrava exatamente tal pessoa. Caracterizava quem ela era, e quem a conhecia, com certeza a reconheceria quando visse. Era bom ninguém ali conhecê-lo, assim Joy não teria que bolar explicações. E quando perguntavam, ela apenas respondia “Rabiscos do tédio” e ria. Sem porquês.
  Ao final, repetiu a música em seu celular mais uma vez. Desta, observando o desenho. Sentia-se tão mal por estar agindo daquela maneira. Mas ao mesmo tempo, sentia-se plena ao parecer mais perto de quem estava - e deveria estar - tão longe.



  “Mas eu queria que você soubesse que eu me importo. E que eu sinto que essa chuva é o reflexo do estado do meu corpo.”

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