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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Eles apenas precisam de alguém que acredite neles...

      Rodrigo tem dezesseis anos. Repetiu uma vez a sétima série e duas vezes a oitava. O pré-julgamento de alguém inicialmente é: Ele é um marginal, um garoto que não quer nada com a vida, que só vai à escola para bagunçar. Não tiro a razão de vocês, ele realmente é tudo isso. Porém, antes de julgá-lo por quem é, tentei descobrir o que o levou a ser assim...
É claro que não vou me aproximar do garoto e perguntar: “Hey, você pode me contar sobre sua vida?” soaria estranho e ele poderia interpretar de forma errada. Portanto, devido algumas coisas que tenho escutado durante suas conversas com seus amigos, pude descobrir como esse garoto viveu e tem vivido até hoje. Espero estar certa, mas se não estiver, garanto que essa é a realidade de muitos, infelizmente.
A mãe de Rodrigo sempre foi ausente, segundo ele, desde pequeno mora com sua avó que lhe deu e dá de tudo. Estudou, brincou e teve uma infância poderíamos dizer... Normal.
Acontece que nem sempre tudo foi sadio quanto parece. Conforme cresceu foi conhecendo pessoas que facilmente o influenciaram. Ele nunca teve a presença da mãe, tampouco do pai para ensiná-lo sobre os perigos da vida. Sua avó com certeza deveria estar ocupada demais batalhando para sustentá-lo da melhor maneira que poderia conseguir. Então o mundo tratou de criá-lo conforme os caminhos que o acaso ou ainda suas escolhas precipitadas, incertas e inicialmente, inocentes determinavam para ele. Começou a beber, a sair freqüentemente à noite, usar drogas e a roubar. Ou seja, tornou-se um marginal que PASSOU a não querer nada com a vida.
Não, não senti pena deste garoto. Ele não precisa disso. Eu apenas quis acreditar nele. Durante as aulas fiquei observando-o, e querem saber? Algo me dizia que eu não podia deixá-lo se perder assim... Talvez, devido a tantos dedos apontados, ele apenas precisasse de alguém que lhe dissesse “Eu acredito em você!”, alguém que estivesse determinado a ajudá-lo no que fosse preciso para que ele mudasse essa sua concepção errada sobre seu futuro e sobre a vida.
E foi o que fiz. Eu o ajudei. Passei a fazer trabalhos em grupo, dupla, trio com ele, incentivei-o a estudar para alguns processos seletivos, inscrever-se para fazer alguns cursos técnicos, fazer suas lições de classe e de casa, e, sempre que podia, respondia suas dúvidas em relação as atividades e matérias escolares. Ainda faço tudo isto.
A sociedade deveria passar a fazer o mesmo. Porque tudo o que esses garotos precisam é de não só uma, mas várias chances  para restaurarem-se do passado que tiveram. Dos traumas que a vida infelizmente lhes proporcionou. Precisam de pessoas que não os larguem no caminho correto, mas que segurem em suas mãos e estejam dispostos a caminhar com eles. Eu  acredito no Rodrigo. E você?


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