É claro que não vou me
aproximar do garoto e perguntar: “Hey, você pode me contar sobre sua vida?”
soaria estranho e ele poderia interpretar de forma errada. Portanto, devido
algumas coisas que tenho escutado durante suas conversas com seus amigos, pude
descobrir como esse garoto viveu e tem vivido até hoje. Espero estar certa, mas
se não estiver, garanto que essa é a realidade de muitos, infelizmente.
A mãe de Rodrigo sempre foi ausente,
segundo ele, desde pequeno mora com sua avó que lhe deu e dá de tudo. Estudou,
brincou e teve uma infância poderíamos dizer... Normal.
Acontece que nem sempre tudo
foi sadio quanto parece. Conforme cresceu foi conhecendo pessoas que facilmente
o influenciaram. Ele nunca teve a presença da mãe, tampouco do pai para ensiná-lo
sobre os perigos da vida. Sua avó com certeza deveria estar ocupada demais
batalhando para sustentá-lo da melhor maneira que poderia conseguir. Então o
mundo tratou de criá-lo conforme os caminhos que o acaso ou ainda suas escolhas
precipitadas, incertas e inicialmente, inocentes determinavam para ele. Começou
a beber, a sair freqüentemente à noite, usar drogas e a roubar. Ou seja, tornou-se
um marginal que PASSOU a não querer nada com a vida.
Não, não senti pena deste
garoto. Ele não precisa disso. Eu apenas quis acreditar nele. Durante as aulas
fiquei observando-o, e querem saber? Algo me dizia que eu não podia deixá-lo se
perder assim... Talvez, devido a tantos dedos apontados, ele apenas precisasse
de alguém que lhe dissesse “Eu acredito em você!”, alguém que estivesse determinado
a ajudá-lo no que fosse preciso para que ele mudasse essa sua concepção errada
sobre seu futuro e sobre a vida.
E foi o que fiz. Eu o ajudei.
Passei a fazer trabalhos em grupo, dupla, trio com ele, incentivei-o a estudar
para alguns processos seletivos, inscrever-se para fazer alguns cursos técnicos,
fazer suas lições de classe e de casa, e, sempre que podia, respondia suas dúvidas
em relação as atividades e matérias escolares. Ainda faço tudo isto.
A sociedade deveria passar a
fazer o mesmo. Porque tudo o que esses garotos precisam é de não só uma, mas
várias chances para restaurarem-se do
passado que tiveram. Dos traumas que a vida infelizmente lhes proporcionou.
Precisam de pessoas que não os larguem no caminho correto, mas que segurem em suas
mãos e estejam dispostos a caminhar com eles. Eu acredito no Rodrigo. E você?
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